segunda-feira, 24 de maio de 2010

Malbec




Eu não sabia em que andar era.
Só lembrava o número.
12.
Me perguntavam sempre o número exato.
Um mais complexo.
Mas este eu nunca sabia dizer com certeza.
Só dizia 12.
Ele dizia depois da ligação curta:
- Pode subir.
No elevador, eu apertava o 12.
Primeira porta a direita do lado esquerdo do corredor.
Luz e carpe. Centenas de janelas se abrindo.
Uma delas para ver na rua.
Outras, todas para lugares distantes.
Algumas pedaladas de distância.
Corria os olhos por cada detalhe deles.
Todos quase sempre brilhantes.
Nunca além dos recortes, na maioria das vezes, programados.
Era tudo tão flamejante. Colorido de conteúdo.
Monocromático na plástica. Resumiam-se a verde e roxo.
Uma salada para comer.
Uma uva fermentada para beber.
Uma bala de banana de Antonina.
E a gente só gostava e pronto.
Melhor vou falar por mim. Eu gostava. No mínimo era engraçado e estranho.
Nunca foi difícil.
Era só não falar alto, para os vizinhos não ouvirem.
Eu sei que podia começar, para depois terminar no elevador apertando o zero.
Saindo para viajar de ônibus vermelho até a minha casa azul.

22/05/2O1o
22h27

[ Foto Rodrigo Pnto]

4 comentários:

  1. uhuuu.. que ziriguidum é esse!
    ááá, e a casa do Lineu e da Lilian.
    um belo lugar por sinal!

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  2. Belo, confuso e cheio de coisas no meio pra não se entender mesmo, suponho.


    Beijos

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